terça-feira, 7 de setembro de 2010

Teofania

Numa tarde de quarta-feira  em Agosto  fui ao consultório de um cardiologista submeter-me a um eletrocardiograma. Depois de alguns minutos de espera no rol de entrada, a secretária do médico pediu que a acompanhasse para uma das salas onde ela imediatamente tomou as providências do exame, colocando os fios e sensores em mim. Terminado o procedimento, novamente no rol eu aguardava pelo laudo do médico que sairia em seguida. Nesse tempo de espera um  fato inesperado aconteceu. Um senhor que se despedia de um amigo, ao dirigir-se para a porta de saída do consultório, deteve-se por um momento, virou-se para mim, olhou-me, apertou-me a mão com gentileza, com a outra afagou meu braço esquerdo e com ternura abaixou a cabeça em sinal de despedida. O gesto daquele desconhecido teve em mim a duração da eternidade e um universo de intensidade que não sou capaz de descrever. Logo que ele saiu, senti saudade.